Decorreu de 13 a 23 de Abril de 2012 no Instituto Camões o 1º Encontro de Livro de Cartão. Organizado pela Kutsemba Cartão, editora gestora do projecto Ler é Nice, teve a colaboração da Faculdades de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane e contou com financiamento da Embaixada de Espanha em Moçambique.
Durante os 10 dias para além da Exposição e Venda dos livros decorreram também sessões de Videos conferências e Conferências na Faculdade de Letras e Ciências Sociais, tendo servido estas para a troca de experiências com conferencistas de outros quadrantes do mundo como é o caso do Brasil, Estados Unidos da America e Peru.
A VEZ DAS OBRAS FEITAS DE MATERIAL
RECICLADO
Maputo foi hospeira do Primeiro Encontro de Livro de Cartão,
um evento que juntou várias sensibilidades para refletir em torno desta
iniciativa que, não sendo nova no mundo, se estreava entre nós.
Esta iniciativa procurava igualmente propiciar a a criação
de um espaço de intercâmbio e dialogo entre editores independentes e outras
intenacionais que se dedicam a publicação dos livros em cartão, acto que permitiu
contextualizar o caso em Moçambique, liderado por Kutsemba Cartão, esta que é a
primeira editora de Cartão activa no continente Africano.
Desde o surimento da primeira editora de livros de cartão,
em 2003 na Argentina, até agora o fenomeno integra já mais de 70 instituições
espalhadas um pouco por todo mundo. A Editora Kutsemba Cartão, que agrega
iniciativas como “Ler é Nice”, a Faculdade de Letras e Ciências Sociais, (FLCS)
da Universidade Eduardo Mondlane e o Instituto Camões, com o apoio da Embaixada
de Espanha, deram-se as mãos e avançaram para produção do programa, que
movimentou centena da pessoas, que se movimentaram em três palcos espalhados
para exebição deste tipo de livros, designadamente o Anfiteatro 1502 da “Faculdade
de Letras” o Instituto Camões e a Feira de Artesanato Grastronomia e Flores de
Maputo (FEIMA).
Para além de servir de plataforma de reflexão sobre o
impacto desta acção na indústria literária nacional e as suas possibilidades a
curto, medio e longo prazo, o Primeiro Encontro de Livro em Cartão pretendia
divulgar o trabalho da “Kutsemba Cartão” nos últimos dois anos, que são da sua
existência , os quais permitiu publicar 30 títulos, vendeu e distribuiu cerca
de quatro mil livros.
In Jornal Noticias
Cerimonia de Inauguração do 1º Encontro de Livro de Cartão
Oficina das Meninas Cartoneras (UEM)
PLATAFORMA DE EXPRESSÃO
MULTIDISCIPLINAR
Na opinião de Miguel Prista, da “Faculdade de Letras” o livro
de cartão é uma plataforma de expressão multidisciplinar, pois permite não só o
desenvolvimento da escrita literaria ou de qualquer outro género, como também a
colocação da fotografia e ainda pintura. Simplismente, o que já acontece nas
capas das obras
É essencialmente, este poder que tem o livro em cartão. E em
qualquer língua ou formato ele se enquadra, diz Miguel Prista, destacando a
reutilização dos materiais que entram na “geografia” da sua produção. “Nos
estamos a dar outra utilidade a um material já existente. Fazemos isso em função
da literatura, do conhecimento, da arte e tudo que é acessível a qualquer tipo
de extracto social, filosofia de vida
faixa etária.
Ainda na acepção de Miguel Prista, esta iniciativa tem o
poder de ser diverso, o que permite que qualquer um se expresse a sua maneira: “É
a possibilidade de fazer as coisas de forma simples. Não esperar grandes
condições para expressar ou elaborar uma ideia, partindo de algo que esta nas
nossas mãos, no nosso dia-a-dia, ao nosso redor ou no lixo que produzimos, mas
também na possibilidade de materializarmos ideias e construir a informação que
pretendemos.”
Mas há mais: esta acção funciona também como catarse na
prespectiva de que não se deve esperar por tanto dinheiro para fazer coisas,
nem esperar que sejam os outros a fazerem, pois esta na mão de cada de nos
transformar. Brincando recorda o princípio básico da natureza, Segundo o qual
“Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
É isto que o livro em cartão permite fazer.
In Jornal Noticias
Oficina Dulcineia Catadora (UEM)
KUTSEMBA CARTÃO: EDITORA COMUNITÁRIA
Kutsemba Cartão é um projecto editorial comunitário e sócio-cultural
criado em Abril de 2010, no país com o objectivo de abrir novas prespectivas
para a difusão da literatura em Moçambique, e levar livros para sectores da população
habitualmente excluídos do Mercado editorial. Também visa desenvolver projectos
comunitários através da inclusão de grupos marginalizados ou vulneráveis em
oficinas de manufeitura de livros , assim como outra actividades educacionais.
Para tais afins, Kutsemba (que na língua changana significa
“esperanéa”) segue o modelo plural das editoras cartoneras que se tem
disseminado desde 2003, em primeiro lugar, em toda a America Latina, e mais
tarde pela Europa, África (“através dos Kutsembas”) e finalmente Ásia, somando
em total mais de 70 editoras cartoneras no mundo. O obejctivo destas editoras
em cartão é a produção de livros artesanais de baixo custo com capas de cartão
reciclado que se vendem a preços mínimos. De maneira que pretendem garantir ,
por um lado, a democratização do acesso ao livro, e por outro, facilitar a
publicação e divulgação das obras dos outros autores. Este fenómeno da editoras
cartoneras e o impacto cultural, social e educativo que elas geram, tem sido ja
objecto de estudo para vários investigadores dos mais prestigiosos centros de
ensino do mundo, entre eles, a Universidade de Harvard (EEUU), Univeridade de
Wisconsin-Madison (EEUU), Univeridade Torcato
Di Tella (Argentina) ou na Universidade Complutense de Madrid (Espanha)
In Jornal Noticias
MOSTRAR POTECIALIDADE
Paulo Guambe, da Kutsemba Cartão, ”mãe da iniciativa”,
explicou que esta mostra de livros, tem por objectivo mostrar as potencialidade
do livro feito em cartão como uma possibilidade de leitura a baixo custo.
Contextualiza-se ainda, Segundo ele, uma situação em que a maior parte da
população não tem condições financeiras para aceder acesso aos livros formais.
Há um grupo de escritores consagrados e jovens que produz
obras neste formato e ao longo do evento foram exibidos, entre os quais Carlos
dos Santos, Lino de Sousa, bem como cinco títulos de contos da tradição oral
moçambicana.
In Jornal Noticias
Oficina com crianças no Hospital Central de Maputo
COLABORAÇÃO EM PROL DA LITERATURA
Este evento reprosentou a expressão mais altade uma perfeita
colaboração entre diversas instituições visado fazer chegar o livro e, por via
disso, a literatura em prol da literatura. Esta é a opinião de Matteo Angius,
do instituto camões , que sublinha a importância do projectio “Ler é Nice”, feito
há muitos anos, a embaixada da Espanha e o Instituto Camões.
“A conjugação de várias entidades permitiu criar este
projecto que tem várias dimensões e potencialidades muito grandes”, disse ,
apelando para a continuidade do projecto, ao mesmo tempo que se pensa a
possibilidade de ser replicado noutros pontos de Moçambique.
In Jornal Noticias
VÁRIA EXPRESSÕES CULTURAIS MESMA
PLATAFORMA
Os ganhos reais que a cultura moçambicana tem da realização
deste evento são muitos , Segundo a Lucrecia Paco. Entre outras coisas aponta
as dificuldades em aceder ao livro, que geralmente aparece no Mercado livreiro
a preços impraticáveis para o bolso do pacato cidadão.
Mas, com este tipo de projecto, ele torna-se acessível ,
logo: “já não poderar constituir justificação para falta de leitura”, diz.
Por outro lado, Lucrecia Paco, que viu a sua obra “Mulher
Asfalto” adaptada para cartão, diz que esta iniciativas trazem de volta a
componente da arte como um espaço de reunião, pois os livros são pintados em
diferentes círculos e formatos, podendo também ser feito por outra pessoa, o
que ajuda a tirar o medo que as vezes se tem do livro.
In Jornal Noticias
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